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Em meados de 2023, miramos o espelho para entendermos um pouco mais sobre o que havíamos construído até ali. Fundamentamos alicerces, arrumamos a casa e optamos por aplicar um cuidado cirúrgico em nossa atuação quanto marca, percorremos o chão do Brasil em busca de um mergulho no oceano profundo e infinito que é a cultura deste país. Ouvimos Drummond dizer no rádio durante uma travessia pela Transamazônica que deveríamos conviver com nossos poemas antes de escrevê-los e o silêncio cortou nosso diálogo por longos quilômetros de estrada. Do alto do Planalto da Borborema, aprendemos sobre as cores e as aplicamos em nossos ensaios, que reverenciam Heitor dos Prazeres nas proporcionalidades, sobre a potência do trabalho colaborativo aplicado no beneficiamento do couro que utilizaremos, sobre a manualidade que trouxemos ao encontro da arquitetura em detalhes em peças bordadas de cobogós que vimos em Pernambuco, a genialidade dos artistas populares refletida nas paredes dos espaços em que criamos, que não diferem arte, fé e vida comum e nos ensinam sobre a uniformidade do chão, que é rio se a chuva cai, barro se o sol vem e seca se permanece. As texturas cravadas em pedras que contam histórias de um passado nos abraçou ao apontar que o futuro deve ter mesmo um coração antigo. E antigo de velho e de cansado mesmo, mas cheio de atalhos que nos mostram o jeito das coisas e a ausência da força bruta, onde mora aquele silêncio-convívio-Drummond. De lá até aqui, as curvas de Athos Bulcão regeram as novas interseções de nossa nova tipografia, as texturas neoconcretistas nos fizeram enxergar na interação com o outro o sentido de nossa produção e desde então percebemos que sabemos pouco ou quase nada deste oceano que mergulhamos. Sob este emaranhado de nuvens que alguns chamam de imaginário, vimos nascer a coleção de Outono de 2024, aproximadamente um ano após o último lançamento, num caminho que, apesar de novo, nos cobre de sombra mesmo com a longa jornada.